Canto de Página

O oásis Bariri

Pedro Moreira
Pedro Moreira
Pedro Moreira é professor de Português,
revisor, consultor, autor dos livros
“Casos e Coisas do Pará Antigo”,
“Cronicontos” e
“O Pássaro e a Dona e Outros

Nós, paraenses, temos o privilégio de ostentar, quase no coração da cidade, um miniparaíso chamado Parque Bariri. Área pública de invejável perfil ecológico, o visitante logo se rende à exuberância de seu verde e à paisagem bucólica, valorizada por plácida lagoa com seus gansos, marrecos e patos de variadas cores. Não sem razão, é um de nossos cartões-postais.

Sua localização não poderia ser melhor – logo à entrada do bairro São José, outrora próspera fazenda do pecuarista José de Melo Franco. Ali se estendem duas pistas (a maior com 700 metros), diariamente percorridas pelos adeptos da caminhada e da corrida, além de quadras de basquete, futebol de salão, vôlei, peteca, área de recreio para crianças, pista de skate, espaço para shows artísticos, afora uma encantadora cascatinha.

Ao lado de tanto fascínio, os frequentadores habituais do Bariri reconhecem alguns aspectos dignos de análise: o número de zeladores é diminuto em relação ao ideal, de modo que alguns problemas advêm desta deficiência; as áreas gramadas apresentam falhas em vários locais estratégicos; a folharada se acumula nas pistas de caminhada até mesmo ao longo de uma semana e mesmo sobre o gramado; um quiosque de tijolos (lado da rua Mato Grosso), lacrado com grosseiras tábuas, está clamando por uma reforma. Por que não restaurá-lo com uma bela pintura, assentamento de piso adequado, instalação de mesas e banquetas de alvenaria, além de seu fechamento com tela reforçada? A partir daí seria franqueado para jogos, como xadrez, damas, baralho, sob o controle da Prefeitura.

Muitos pensam, também, que outra medida providencial seria o cercamento de toda aquela área por meio de gradis, em parceria da Municipalidade com a iniciativa particular. Sugere-se, ainda, um projeto nos moldes “Domingo no Parque”, com atrações variadas (mágicos, artistas de rua, exibições de skate, contadores de histórias, apresentação de cantores e bandas da terra), tudo anunciado durante a semana, visando preencher as manhãs domingueiras com sadio lazer.

Por sua importância de área de recreação, o Bariri requer uma atenção mais rigorosa da polícia, principalmente a partir de determinada hora da tarde. Quem o frequenta nesse horário, com ênfase para a noite, tem histórias para contar, como a presença de elementos suspeitos e de casais que, sem nenhum constrangimento, contracenam em lugares mais românticos... Se não for possível um policiamento permanente, que seja feito em dias incertos, de modo a inibir a presença de quem não sabe ou não quer respeitar o local. Enfim, está nas mãos das autoridades transformarem o Parque em cenário de festa.

Longe vai o dia em que um grupo de jovens resolveu aproveitar um descampado para ali treinar seu time, o Bariri Futebol Clube. O campinho ficava nas imediações da atual Panificadora Guimarães Bariri, na avenida Argentina. Tudo ali era pasto e mata cerrada. O nome “Bariri”, que na linguagem indígena significa “coisa agitada”, pegou e hoje batiza essa dádiva dos céus aos paraenses, dentre os quais, por incrível que pareça, muitíssimos jamais deram o ar de sua graça naquele abençoado recanto.