“Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”

Há alguns meses, o assunto em foco na maioria das reuniões de empresários tem sido a crise financeira internacional e seus desdobramentos aqui no Brasil.

Enquanto a crise já atinge fortemente alguns setores no Brasil, o governo tem se esforçado para passar uma visão tão otimista da crise quanto ingênua que parece já estar em campanha para 2010. Só para citar um exemplo, enquanto petrolíferas do mundo todo estão cortando custos e cancelando ou adiando investimentos, a Petrobas, que recentemente teve de recorrer a empréstimos não usuais para pagar seus compromissos, anuncia investimentos bilionários na prospecção e refino de petróleo.

Afinal, estamos na contramão do resto do mundo? É certo que o governo tem tomado algumas medidas, ainda que paliativas, mas muito bem-vindas, como o aumento do crédito e a redução temporária do IPI sobre automóveis. Entretanto ao tão falado aumento dos investimentos ainda está no papel, as obras do PAC estão em compasso de espera, enquanto os gastos com a máquina pública continuam subindo como se não houvesse crise.

Como se não houvesse crise também está a popularidade do presidente Lula, alimentada por programas sociais como o Bolsa Família. Será que não é hora de usar esta popularidade para fazer as mudanças estruturais que o País espera há tanto tempo, como uma reforma tributária que reduza a carga tributária, desonerando o setor produtivo e uma reforma trabalhista que desonere e incentive a contratação de mão-de-obra?

Estas ações, junto com o aumento dos investimentos em infraestrutura, seriam muito mais eficazes do que o aumento do crédito, e poderiam fazer com que o País retomasse o crescimento, amparado em bases sólidas e não apenas no crédito fácil que se mostrou volátil.

Enquanto o presidente Lula não decide o que fazer com sua popularidade, nós temos muito o que fazer em nossas empresas. É hora de revisarmos nossa estrutura de custos, nossa política de vendas, nossa gestão financeira, nosso mix de produtos e/ou serviços e nossas ações de marketing. Afinal, em crises também existem muitas oportunidades, e quem souber aproveitá-las sairá muito mais forte.

Portanto, é hora de inovar, de criar, de ser eficiente diante da realidade. Se nenhuma oportunidade surgir, está na hora de criá-la. Como diz a música de Geraldo Vandré: “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer!”

Março de 2009