
Autoestima: o sistema imunológico da consciência
A palavra autoestima é composta por dois elementos: “auto” provém do grego “autos”, que é um adjetivo ou pronome que significa próprio, o mesmo, e “estima” provém do verbo estimar, que significa apreciar, julgar, crer, ter apreço.
Neste sentido, autoestima faz referência ao apreço, à consideração, ao carinho e/ ou amor por si mesmo. Seguindo este raciocínio, a autoestima é uma atitude; concretamente é a atitude que assumimos em relação a nós mesmos, isto é, com relação ao que pensamos, sentimos, dizemos e fazemos. Tudo o que está em nós sofre sua influência. A autoestima engloba o autoconhecimento, a avaliação que fazemos de nós, a aceitação e os sentimentos que experimentamos e, consequentemente, o comportamento que temos a esse respeito.
É justamente por ser importante e absorver-nos totalmente, que a autoestima é algo fundamental em nossas vidas. Ela é a organização relativamente estável de crenças, opiniões, percepções, conhecimentos e avaliações que cada um tem sobre si mesmo, que orienta e dirige nosso comportamento de maneira consistente e coerente.
Em outros termos, a autoestima é o que pensamos de nós, a forma pela qual nos avaliamos e aceitamos os sentimentos que experimentamos, bem como o modo pelo qual nos comportamos. A forma pela qual nos avaliamos e os sentimentos que isso produz em nós têm íntima relação com nossa história pessoal, com nossas experiências infantis, com o período da vida em que éramos indefesos e especialmente flexíveis e maleáveis. A formação de nossa autoestima é resultado direto da maneira como internalizamos nossos primeiros “objetos” de amor, pai e mãe. Outras pessoas significativas em nossas vidas, tais como os professores que, de acordo com Freud, são os herdeiros dos pais, programaram-nos direta ou indiretamente de forma positiva ou negativa.
Podemos considerar que a autoestima, quando elevada, age como se fosse um sistema imunológico da consciência: não garante totalmente a saúde, mas nos torna mais resistentes a doenças e nos proporciona energia para superar os conflitos que vão surgindo no decorrer da vida.
Quando a autoestima é baixa, a resistência para enfrentar os conflitos se vê diminuída e é mais provável que fiquemos fragilizados diante de um sentido trágico de nossa existência e aos sentimentos de impotência. Com baixa autoestima, teremos a tendência de estar mais influenciados a evitar a dor do que experimentar a alegria, pois os aspectos negativos têm maior poder que os positivos.
Sendo fundamental na estrutura do psiquismo de qualquer pessoa, em grande parte determina sua qualidade de vida. Em casos extremos de patologia, pode existir uma excessiva distorção da autoestima, como nos estados de mania, que a pessoa em euforia se sente superior às pessoas que estão a sua volta. Tal quadro indica uma defesa para superar uma depressão subjacente. Na depressão, a autoestima pode-se encontrar em nível tão baixo que pode fazer emergir ideações suicidas.
Outro aspecto que sinaliza baixa autoestima, é a autossuficiência e arrogância.
Para melhorarmos nossa autoestima o primeiro passo é nos conhecermos melhor e avaliarmos com justiça, o que ás vezes requer psicoterapia ou análise.

Shirley Amaral
psicóloga, psicanalista, pedagoga e especialista em psicopedagogia.
Email: shirleycaamaral@yahoo.com.br