Canto de Página

Admirável mundo das invenções

Pedro Moreira
Pedro Moreira
Pedro Moreira é professor de Português,
revisor, consultor, autor dos livros
"Casos e Coisas do Pará Antigo",
"Cronicontos" e
"O Pássaro e a Dona e Outros Textos".

Em outubro último, o venerável Museu de Ciências de Londres promoveu uma votação singular: quais as mais importantes invenções de todos os tempos?

À primeira vista, ocorreu-me a ideia de que, à frente de todas elas, estivessem inventos como o avião, o papel, a imprensa, as naves espaciais, a lâmpada elétrica, o cinema, o telefone, a televisão, o gravador, o refrigerador, os anestésicos, a informática, o colírio, o celular, o rádio, a máquina de escrever, a máquina de retrato e de filmar, o pararaios, o telescópio, o microscópio, o aparelho de raios laser e coisas tais. Que nada! O lugar de honra ficou com a máquina de raios X, um equipamento criado em 1895 pelo físico alemão Wilhelm Conrad. A invenção foi contemplada com significativos 10 mil votos, num universo de 50 mil participantes.

Em segundo lugar ficou a penicilina, essa bomba atômica contra as bactérias.

O terceiro lugar coube à descoberta da estrutura do DNA, ponto de partida para outros estudos no fértil campo das leis biológicas.

Antes de citar o fabuloso computador, os votantes britânicos mencionaram criações igualmente fantásticas, a exemplo da nave Apollo 10, a máquina a vapor e o telégrafo, ícones nesse admirável mundo das invenções.

Pensando bem, é imensa a lista de inventos engendrados por mentes privilegiadas e concebidos para o encantamento da humanidade, em todos os setores que a ela interessam, como a saúde, o bem-estar, o progresso social e cultural, além do bom relacionamento entre as nações. Provavelmente a nenhum eleitor tenha ocorrido o fato de a roda ter sido o início de tudo: foi ela que descerrou horizontes novos para as comunidades humanas, encurtando o tempo e o espaço que as separavam. Cá entre nós, ela foi, sim, a mola propulsora de quem precisava sair das cavernas e avançar pelos caminhos do tempo, ensejando assim, ao longo dos séculos, as demais invenções.

Provável, também, é que nenhum votante tenha-se lembrado das pequenas-grandes invenções. São miudezas, algumas substituíveis, outras com cara de engenhocas, mas que trazem um bem danado à vida diária de qualquer cidadão: o genial cortador de unhas, a lâmina de barbear, a escova de dentes, apetrechos auxiliares do embelezamento e bem-estar femininos, o espelho, o sabonete, as ferramentas em geral, o band-aid, a palha de aço, o desodorante sem perfume, o liquidificador, a caneta esferográfica (louvado seja o húngaro Lázaro Biro, que há 72 anos, baseado na Lei da Gravidade, inventou aquela esferazinha rodante...).

Os eleitores ingleses também não enxergaram uma pequenagrande invenção bem ao lado de seu nariz: a lente, que veio trazer luz a milhões de olhos bruxuleantes!

A esta altura o leitor deve estar maquinando uma lista interminável de inventos de aparência descomplicada, até singelos, mas de que a humanidade não abre mão na vida diária.

Em todos os ramos do conhecimento, principalmente a Física, a Química e a Biologia, a inteligência dos pesquisadores faz brotarem surpreendentes descobertas e invenções. Infelizmente, algumas se desviam para o mal, hora em que as mentes doentias se ocupam em parir criações infernais, sintetizadas em potentes armas mortíferas. Mortíferas também são as armas disfarçadas de pílulas capazes de exterminar criaturinhas ainda em formação, aninhadas no ventre materno, facilitando a prática do mais hediondo dos crimes – o assassinato eufemisticamente apelidado de aborto.