
Valorização ou Delírio
Estamos vivendo hoje uma euforia no mercado imobiliário de Pará de Minas e em todo o Brasil. As valorizações médias no último ano, em determinados imóveis de nossa cidade, chegam a ser de quase 50% superiores à valorização média de 22% em todo o país.
Isso ocorre devido à discrepância entre a oferta de imóveis que necessitam de um ciclo de médio prazo para ser efetivada e a demanda que surgiu repentinamente com a oferta de crédito e propiciaram essa alta nos preços, bem como à duplicação da BR262 e a real possibilidade de vindas de novas empresas para nossa cidade.
Muito se tem falado em bolha, mas quando ela vai estourar? Ninguém sabe. Porém, devemos analisar a situação atual por outro prisma.
A grande diferença entre o mercado imobiliário do Brasil e dos EUA, que em 2008 foram os culpados por levar 2,5 milhões de pessoas à situação de miséria, é o fato de que aqui as pessoas estão utilizando o crédito para a compra do primeiro imóvel, e lá como forma de especulação imobiliária.
O setor imobiliário é, para toda a economia mundial, a força motriz, sendo significativo para o desenvolvimento de qualquer país. Apesar de altas pontuais sem nexo algum, ainda temos uma boa margem para saltos ainda maiores em determinados tipos de imóveis. Se compararmos com outros países, o Brasil está em 64º em valor em metro quadrado médio e investe para o setor somente 3% do PIB, contra 9% no México e 18% no Chile. (Dados da revista Exame).
Os financiamentos do Programa “ Minha Casa, Minha Vida” estão contemplados para o PAC 2. Isso significa que, mesmo com uma possível vitória tucana, seria muito difícil retirar o direito de moradia, que é protegido pela nossa Constituição Cidadã, além de ser uma atitude antipopulista e na contramão do desenvolvimento do país.
As classes C e D foram às compras e isso mudou tudo. Uma pessoa que não possuía poder de compra até pouco tempo, hoje com renda de até R$1.400,00 consegue um financiamento de R$100.000,00 com juros, prazos e subsídios que nem ouso falar de pai para filho, pois é possível que nem o pai faria.
Esse é o raciocínio das pessoas. Para quê pagar aluguel, sendo que posso ter meu imóvel próprio, pagando a mesma quantia ou menos? Nessas horas é que devemos deixar a euforia e não fazer nenhuma compra por impulso. Afinal, você não está indo a uma loja comprar um par de sapatos e, sim, concretizando o sonho de sua vida que terá um custo pelos próximos 30 anos.
Neste mesmo vértice, os financiamentos para as classes A e B também estão bem atrativos, girando em torno de 8,9% ao ano em financiamentos de até R$ 500.000,00 o que impulsionam muito os imóveis de luxo, já que as pessoas mais abastadas não precisam tirar dinheiro do seu giro de negócio para empatar em um passivo dessa grandeza.
Nesses momentos é importante saber todo o histórico do construtor, acompanhar o andamento da obra, bem como os materiais utilizados. Verificar ainda se possui todos os alvarás, responsabilidades técnicas e principalmente procurar um advogado antes de fechar o negócio para se resguardar.
As pessoas físicas estão fazendo o papel das construtoras, pois perceberam uma grande oportunidade de maximizar lucros com a especulação imobiliária. No entanto, devemos lembrar que em certos itens da construção, o construtor deverá Valorização ou Delírio dar garantia de até 20 anos e, se porventura você precisarque acionar essa garantia, a construtora tem que ser sólida e confiável.
Importante ressaltar que o déficit habitacional no pais é de 8 milhões de residências, porém, construtores de plantão, vale a pena verificar antes de lançar qualquer tipo de empreendimento qual a representatividade dessa parcela em seu município, a cultura, a preferência do consumidor. Sabendo-se principalmente que as classes C e D representam a grande maioria dessa demanda.
A dica é que os investidores e consumidores tenham cautela, pois existem imóveis que já chegaram ao seu preço limite e que ficarão neste patamar por um bom tempo. Não há garantia de comprar um imóvel, mesmo achando que está pagando caro, e ter rentabilidade a curto ou médio prazo, pois, às vezes a valorização já saturou e imóveis mais modernos serão lançados a um melhor custo benefício.

Saulo Mendes
Presidente da Ascipam Jovens Empresários