Um assunto Técnico
Pedro Moreira
1. Uma questão de linguagem, como é o caso presente, é um assunto eminentemente técnico, envolve aspectos tratados pela filologia, pela etimologia, envolve conhecimento de morfemas, semântica e uma boa bagagem de estudos gramaticais.
2. O bom senso recomenda que não se banalizem os assuntos técnicos, sobre os quais pessoas comprovadamente habilitadas devem emitir opiniões consistentes. Às vezes a questão independe de uma escolha pura e simples, mas está atrelada ao que é tecnicamente certo.
3. Quanto a esse “pará-minense” (até pouco tempo grafavam estranhamente “paraminense”), trata-se de um termo ocorrente na cidade há, pelo menos, 45 anos. Foi “revitalizado” há uns 20 anos, surgindo como coisa “moderna”. Pois bem, o saudoso e respeitabilíssimo filólogo mineiro Aires da Mata Machado Filho ensina em um de seus livros, “Escrever Certo”: “Não use “pará-minense”. Trata-se de um termo artificial (isto é, feito na fôrma...) EM CASO DE DÚVIDA, use “paraense de Minas”.
4. O dicionário NOVO AURÉLIO - SÉCULO XXI registra à página 1495: Paraense 1 – O natural ou habitante do estado do Pará; paraense 2 – O natural ou habitante de Pará de Minas (MG). Repete-se a lição no dicionário HOUAISS e nas versões virtuais.
5. Se aqui ou ali comparece a forma popular “pará-minense”, contraditoriamente nem se registra o adjetivo “minense” como referência a Minas Gerais, comprovando a irônica definição do Prof. Aires: “pará-minense” é um termo artificial (sem razão de ser).
6. Respeitar a palavra de estudiosos é questão de inteligência e juízo. Refutá-la com argumentos sem nexo é ridículo.
7. Outras formas oferecidas (até parece leilão) ferem o bom gosto, como um esquisito “pará- mineiro”... O mais discreto e sensato é adotar o sempre atual PARAENSE. O resto é conversa para boi dormir...